A energia reciclável é aquela que é gerada a partir de resíduos orgânicos ou inorgânicos, que podem ser transformados em biogás, eletricidade, calor ou combustíveis. Essa forma de energia é reciclável, pois aproveita recursos que seriam descartados ou queimados, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa e contribuindo para a economia circular. Além disso, a energia reciclável pode trazer benefícios sociais, ambientais e econômicos, como a geração de empregos, a melhoria da saúde pública, a redução da poluição e a diversificação da matriz energética.
No entanto, a energia reciclável ainda enfrenta diversos desafios para se consolidar como uma alternativa viável e competitiva no cenário global. Entre eles, estão a falta de incentivos financeiros, a baixa conscientização e aceitação social, a escassez de infraestrutura e tecnologia adequadas, a complexidade regulatória e a concorrência com outras fontes de energia, especialmente os combustíveis fósseis. Por isso, é fundamental que as políticas energéticas globais reconheçam o potencial e as vantagens da energia reciclável e estimulem o seu desenvolvimento e adoção.
Nesse sentido, algumas tendências globais em política energética podem favorecer o avanço da energia reciclável no mundo. A seguir, destacamos algumas delas:
– Transição energética: a transição energética é o processo de mudança de uma matriz baseada em combustíveis fósseis para uma matriz mais limpa, sustentável e diversificada, que inclui fontes renováveis, como a energia reciclável. Essa transição é motivada pela necessidade de mitigar as mudanças climáticas, reduzir a dependência energética, aumentar a segurança energética e promover o desenvolvimento sustentável. Segundo a Agência Internacional para as Energias Renováveis (IRENA), a transição energética pode limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C e trazer as emissões líquidas de CO2 para zero até 2050. Para isso, é preciso investir em tecnologias de baixo carbono, como a energia reciclável, que pode contribuir com até 10% da demanda global de energia até 2050.
– Acordo de Paris: o Acordo de Paris é um tratado internacional que visa fortalecer a resposta global às mudanças climáticas, mantendo o aumento da temperatura média global bem abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais e buscando limitá-lo a 1,5°C. O acordo entrou em vigor em 2016 e conta com a adesão de 197 países, que se comprometem a apresentar e cumprir metas nacionais de redução de emissões, chamadas de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). A energia reciclável pode ser uma ferramenta importante para os países alcançarem as suas NDCs, pois pode substituir os combustíveis fósseis na geração de energia e no transporte, além de evitar as emissões provenientes do tratamento inadequado dos resíduos.
– Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): os ODS são uma agenda global adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, que estabelece 17 objetivos e 169 metas para serem alcançados até 2030, visando erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir a paz e a prosperidade para todos. A energia reciclável pode contribuir para vários ODS, como o ODS 7 (energia limpa e acessível), o ODS 11 (cidades e comunidades sustentáveis), o ODS 12 (consumo e produção responsáveis), o ODS 13 (ação contra a mudança global do clima) e o ODS 15 (vida terrestre).
– Inovação tecnológica: a inovação tecnológica é um fator essencial para o desenvolvimento e a difusão da energia reciclável, pois pode aumentar a eficiência, a qualidade, a segurança e a competitividade dos processos de conversão, transporte e uso dos resíduos como fonte de energia. Alguns exemplos de inovações tecnológicas na área de energia reciclável são: a produção de hidrogênio a partir de resíduos orgânicos, a geração de biocombustíveis de segunda e terceira geração, a utilização de inteligência artificial e internet das coisas para otimizar a gestão dos resíduos e da energia, e o desenvolvimento de novos materiais e equipamentos para a recuperação energética de resíduos.
– Cooperação internacional: a cooperação internacional é um mecanismo importante para o fomento da energia reciclável, pois pode facilitar o intercâmbio de conhecimento, experiências, boas práticas, recursos e tecnologias entre países e regiões, além de promover a harmonização de normas, padrões e regulamentos. Alguns exemplos de iniciativas de cooperação internacional na área de energia reciclável são: a Plataforma Global para a Recuperação Energética de Resíduos (WtERT), que reúne instituições acadêmicas, governamentais e privadas de diversos países para promover a pesquisa, o ensino e a divulgação sobre o tema; o Programa de Parceria para a Recuperação Energética de Resíduos (WtEPP), que oferece assistência técnica e financeira para países em desenvolvimento implementarem projetos de energia reciclável; e o Consórcio Internacional de Bioenergia (IBC), que visa estimular a cooperação científica e tecnológica entre países produtores e consumidores de bioenergia.
Em conclusão, a energia reciclável é uma fonte de energia renovável que pode trazer benefícios para o meio ambiente, a sociedade e a economia, mas que ainda enfrenta obstáculos para se expandir no mercado global. As políticas energéticas globais podem desempenhar um papel fundamental para superar esses obstáculos e impulsionar o desenvolvimento e a adoção da energia reciclável, seguindo as tendências de transição energética, acordo de Paris, ODS, inovação tecnológica e cooperação internacional. Assim, a energia reciclável pode se tornar uma solução integrada e sustentável para os desafios energéticos e ambientais do século XXI.